sábado, janeiro 28, 2006

Jetsün Mila - Canção dos Tolos

Jetsün Mila - O Poeta do Tibet
Canção dos Tolos
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Prostro-me aos pés de Marpa o tradutor
E para vocês, meus fervorosos bem-feitores, eu canto.

Como é estúpido pecar, audaciosa ou imprudentemente,
Enquanto o Dharma puro se espalha ao seu redor!

Como é tolo gastar sem sentido o tempo de sua vida,
Sendo que obter o valioso corpo humano é um dom tão raro!

Como é ridículo apegar-se a uma cidade-prisão
E ali permanecer!

Como é cômico pelejar e brigar com esposas e parentes,
Que são apenas visitantes passageiros!

Como é vão estimar palavras doces e ternas,
Que são apenas ecos vazios em um sonho!

Como é fátuo gastar mal a vida,
Brigando com inimigos que são como flores delicadas!

Como é tolo atormentar-se pensando, até a agonia,
Na família que nos ata à mansão da ilusão!

Como é estúpido restringir-se à tarefa do dinheiro e da propriedade,
Que são a dívida contraída pelo empréstimo que os outros nos fazem!

Como é ridículo embelezar e adornar o corpo,
Que é um vaso cheio de imundície!

Como é fátuo excitar cada nervo com riqueza e bens
E se descuidar do néctar do ensinamento interior!

Entre uma multidão de tolos, aquele que é inteligente e sensível
Praticará o Dharma assim como eu.


Milarepa, 1040-1123
(*Milarepa foi um grande Buda e Marpa foi seu mestre espiritual)